Lean na Indústria 4.0
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5 de setembro de 2018A tecnologia da Indústria 4.0, se aplicada de forma adequada, pode apoiar muito a jornada Lean. Para isso, a tecnologia tem que ser pensada apenas como um meio de se conseguir processos mais simples, flexíveis, ágeis e sem desperdícios, o objetivo de Lean. Da mesma forma que uma empresa implantar Kanban sem ter uma clara visão do ganho associado é um desperdício, usar uma ferramenta “moderna” só porque o termo virou um “trend topic” não vai trazer, necessariamente, retorno para sua empresa. Pode-se experimentar novas tecnologias, é inclusive recomendável, como se faz em todo Kaizen, mas desde que se tenha como objetivo alcançar metas de Lean.
Lean sempre busca olhar a empresa ponta-a-ponta, almejando um resultado que seja perceptível no todo, e que não se perca na integração entre as áreas (“silos” ou “feudos” corporativos em muitos casos). Quem conhece Lean entende que fazer um investimento e esforço para automatizar apenas um ponto da empresa pode gerar um desbalanceamento que só trará mais desperdícios. A tecnologia deve ser usada para apoiar o balanceamento da empresa, de forma automática e just-in-time, para tornar os processos a cada dia mais sincronizados.
Em Lean, com o SMED, buscamos setups rápidos, para ter grande flexibilidade dos processos. Com SMED, pode-se alterar um certo processo de produção conforme a demanda e produzir somente o necessário, na quantidade necessária e no tempo necessário (just-in-time). Um desafio interessante a se colocar para a tecnologia de uma Indústria 4.0 é que ela consiga criar sistemas que possam conduzir setups ainda mais rápidos e, se possível, totalmente automatizados, algo que pode-se ver como um processo de SMED avançado e tecnológico. A solução pode ser pensada, inclusive, para que o SMED automatizado diminua os custos com manutenção do equipamento, ao evitar os riscos típicos associados a setups manuais.
Ao implementarmos uma fábrica puxada, temos Kanbans que indicam o que foi consumido, sendo necessário configurar as máquinas para que façam esse produto. Na Indústria 4.0, podemos imaginar uma linha na qual, assim que um produto é consumido em uma fase posterior, a máquina antecessora se autoconfigure para produzir exatamente o que foi consumido, baseado em um Kanban virtual controlado pelos sistemas da empresa: isso, hoje, não é uma ficção futurista, mas facilmente implementado na realidade da tecnologia, embarcando sensores nas máquinas e IOT nos lotes, carrinhos de transporte e/ou peças trabalhadas no processo. Pode-se ir além da linha de produção e pensar em uma integração de toda a cadeia de valor: no momento em que um sistema detecta que uma certa peça de um equipamento está a ponto de queimar, ou que um estoque local de matéria-prima está terminando, essa informação é passada ao fornecedor da peça que inicia sua produção: isso viabilizará estoques ainda menores e atendimento mais just-in-time. Além disso, a tecnologia pode ajudar a eliminar atividades, transportes, etc., simplificando processos e diminuindo as fases de produção, o que está totalmente alinhado a visão Lean.
Com SMEDs, produção automatizada e sincronização de processos, feitos de forma adequada, pensados e desenhados seguindo as boas práticas de Lean (simples e flexíveis), pode-se conseguir uma maior flexibilidade da linha. A empresa terá a capacidade de se configurar automaticamente frente a diferentes demandas, tornando possível uma maior personalização dos produtos. Esta nova fábrica é ainda mais distante do conceito de produção em massa, eliminando, quase que por completo, os conceitos de lote econômico e buscando uma produção just-in-time totalmente sincronizada com a demanda dos clientes.
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