Aplicando o pensamento Lean em uma área de TI
3 de outubro de 2016Recentemente, recebi o link para o artigo “TI não importa” da Harvard Business Review (vide aqui). O artigo é excelente e faz paralelos interessantes. Em resumo, o artigo prega que, similarmente ao que aconteceu com as ferrovias e a eletricidade no passado, TI deixará de ser um diferencial competitivo e passará a ser commodity em um breve futuro. As empresas deverão passar a investir menos em criar coisas que já existem como padrão global e preocupar-se mais com os custos e a disponibilidade dessas coisas. Para mim, isso faz todo o sentido.
Praticamente nenhuma empresa hoje pensa em gerar eletricidade, mas todas buscam gastar a cada dia menos com energia e fazem uma cuidadosa gestão de riscos, pois a energia não pode faltar. Isso é similar com TI, em especial com hardware para processamento, comunicação e armazenamento e com software padrão, como ERPs e aplicativos básicos. Hoje, realmente, não faz mais sentido investir em grandes equipes para fazer coisas que um ERP de mercado já faz, ou para fazer relatórios ou consultas que qualquer boa ferramenta de BI disponibiliza diretamente para os usuários criar. Não faz, também, sentido, investir em repositórios caros, quando temos soluções baratas e confiáveis na nuvem.
Mas, situando a questão no Brasil, especificamente em empresas nacionais, ainda existem aquelas que não tem o mínimo esperado para informática. Para essas sobreviverem é essencial que entendam que informática não é luxo, é uma necessidade. Viver sem uma infraestrutura básica de informática é o mesmo que imaginar uma empresa sem instalações de eletricidade adequadas.
Mas, mesmo para aquelas empresas que já tem o essencial em informática, o paralelo feito tem falhas. Isto porque, enquanto um trem é um trem e há mais de um século não tem outra utilização e eletricidade também é somente energia passando em um fio, informática é muito mais que hardware e processamentos de algoritmos conhecidos. Sempre haverá coisas diferentes a ser feitas com computadores. Novas lógicas, novos processamentos, novas aplicações. Como será a informática daqui há cinco anos? Como os usuários irão navegar na Internet? (ou mesmo, haverá ainda Internet?) Certamente surgirão oportunidades fantásticas para quem conseguir estar na frente das próximas revoluções que a TI, não tenho dúvidas, trará.
Só para dar um exemplo: há 25 anos havia uma perspectiva que a Inteligência Artificial iria revolucionar o mundo. Ela não revolucionou tão rapidamente como se esperava, mas pouco a pouco vai ocupando um espaço importante. E, não tenho dúvidas, a IA tem grande potencial para ser explorada em todas as áreas da economia: isso está ainda longe de ser commodity.
Aqui vai minha sugestão para as empresas: é essencial ter o básico que a informática oferece, mas gastem menos com o que já há de commodity. Atentem mais para controle de custos e para gerenciar o risco de indisponibilidade, como bem fala o artigo. Mas direcionem uma pequena parte de investimento em TI para buscar novas oportunidades, aquelas que irão revolucionar o seu mercado: as empresas que estiverem na frente, nessas novidades, vão ganhar um bom diferencial competitivo com isso.